Embora os mastócitos sejam encontrados no tecido conjuntivo e os basófilos sejam um tipo de glóbulos brancos do sangue, ambos têm algo em comum para quem sofre de alergia. Eles contêm histamina, uma arma importante no arsenal do corpo humano para a luta contra as infecções. Infelizmente, quando liberada de forma inadequada ou em doses muito altas, a histamina se torna uma substância devastadora.
Após a exposição sensibilizante, demora entre uma semana e dez dias para que os mastócitos e os basófilos fiquem carregados com os anticorpos IgE. Então, se houver contato com o alérgeno novamente, este desencadeará um efeito dominó destrutivo dentro do sistema imunológico, chamado de cascata alérgica.
Tenha sido pela inalação de uma molécula de proteína em uma partícula de pólen da erva-de-santiago, ou uma injeção da proteína do veneno da vespa, uma mesma seqüência de eventos irá ocorrer:
* os anticorpos IgE se fixam na parede dos mastócitos e reconhecem os alérgenos;
* os anticorpos IgE reagem ligando-se aos alérgenos enquanto permanecem grudados aos mastócitos ou aos basófilos;
* esta ligação alerta um grupo especial de proteínas, chamado de complemento, que circula no sangue.
Existem cerca de vinte proteínas nesta família protéica, e pelo menos nove delas estão envolvidas no mecanismo de resposta alérgica. Após o anticorpo IgE (que já está unido a um mastócito ou a um basófilo) encontrar e ligar-se ao seu alérgeno específico, a primeira proteína da seqüência do complemento se liga ao complexo. Esta alerta a próxima proteína da seqüência, que alerta a próxima e assim por diante. Quando a seqüência se completa, a célula ofensora é destruída. Isto acontece em um sistema imunológico normal, com as imunoglobulinas grudando-se à superfície das células doentes e causando a sua destruição. Mas num episódio alérgico, as células envolvidas são os mastócitos e os basófilos.
Quando os mastócitos e os basófilos são destruídos, seus estoques de histamina e de outros mediadores alérgicos são liberados nos tecidos e sangue vizinhos. Isto causa a dilatação da superfície dos vasos sangüíneos e a conseqüente queda na pressão arterial. Os espaços entre as células vizinhas enchem-se com fluidos.
Dependendo do alérgeno ou da parte do corpo envolvida, isto causa vários sintomas alérgicos, sendo os mais comuns:
coceira (corpo, olhos, nariz);
urticária;
espirros;
dificuldade para respirar;
náusea;
diarréia;
vômitos.
Reatividade cruzada
Embora o mecanismo exato ainda não tenha sido compreendido, as vítimas de alergias, assim que sensibilizadas a um determinado tipo de alérgeno, também sofrem reações alérgicas quando expostas a substâncias que tenham relação com este alérgeno. Se você apresenta reação alérgica ao veneno da abelha, por exemplo, você também poderá apresentar reação de hipersensibilidade a todos os outros tipos de venenos de abelhas.
Reações sistêmicas
Algumas pessoas alérgicas tornam-se sensibilizadas às proteínas contidas no pólen da erva-de-santiago, do látex, de determinados alimentos e de drogas como a penicilina. Nestes casos de alergia, a reação pode envolver o corpo todo. Esta reação é chamada de reação sistêmica, e é o que o seu médico quer observar quando pede a você para aguardar um pouco após lhe aplicar uma injeção. Numa reação sistêmica, a liberação dos mediadores alergênicos (sendo o principal deles a histamina) provoca a dilatação dos vasos capilares em todo o corpo. Se esta condição prosseguir até um ponto perigoso, nós a chamamos de anafilaxia. Se ele prossegue ainda mais, a vítima passa a apresentar o choque anafilático.
Choque anafilático
O tempo de reação à exposição pode variar dependendo do seu organismo (como ele lida com a exposição) e do alérgeno a que você foi exposto. Numa reação branda, você poderá sofrer uma coceira ou inchaço moderados. Numa reação grave, após a exposição ao antígeno desencadeador, pode-se repentinamente desenvolver urticária em grandes áreas do corpo e começar a ter dificuldades respiratórias, acompanhada de uma queda de pressão arterial rápida e grave. Além disso, numa reação grave, o pensamento se torna confuso porque o cérebro e outros órgãos vitais sentem necessidade de oxigênio. O cérebro e os rins são especialmente vulneráveis neste tipo de reação e podem ficar permanentemente danificados mesmo se a vítima sobreviver.
Para piorar as coisas, os fluidos das células jogados para dentro dos tecidos da garganta podem fechá-la por causa do inchaço, levando ao choque anafilático e à morte em apenas três ou quatro minutos após a exposição ao antígeno ou do começo dos sintomas. Nos Estados Unidos, centenas de pessoas morrem anualmente de choque anafilático.
Atualmente, o único tratamento eficaz para a anafilaxia é uma injeção intramuscular de adrenalina, um hormônio produzido naturalmente pelo corpo através das glândulas supra-renais. A adrenalina neutraliza os sintomas da anafilaxia contraindo os vasos sangüíneos e abrindo as vias respiratórias. O lado ruim é que o efeito dura apenas de 10 a 20 minutos por injeção, possui efeitos colaterais potencialmente graves e, para ser eficaz, deve ser administrado corretamente durante ou antes do início dos sintomas.
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